Economia

Governo do ES quer reduzir imposto de combustíveis renováveis, mas etanol fica de fora

O governo apresentou projeto para redução de até 85% no ICMS sobre o biogás e o biometano. Alíquota de 12% pode chegar a 1,8%. Já o etanol, também "verde" continua com 17% de imposto 

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Governo do ES quer reduzir imposto de combustíveis renováveis, mas etanol fica de fora Governo do ES quer reduzir imposto de combustíveis renováveis, mas etanol fica de fora Governo do ES quer reduzir imposto de combustíveis renováveis, mas etanol fica de fora Governo do ES quer reduzir imposto de combustíveis renováveis, mas etanol fica de fora
Plantação de cana: apesar de o ES produzir etanol, combustível continua com alíquota de 17% de ICMS. Crédito: Divulgação
Plantação de cana: apesar de o ES produzir etanol, combustível continua com alíquota de 17% de ICMS. Crédito: Divulgação

O governo do Estado apresentou um Projeto de Lei (PL) para redução de até 85% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os combustíveis “verdes” biogás e o biometano. Hoje a alíquota é de 12% e pode chegar a 1,8%. O governo encaminhou o projeto à Assembleia Legislativa do Estado (Ales) e o deputado Vandinho Leite já pediu regime de urgência para a votação. Porém o etanol, outro combustível renovável produzido no Estado, continua com a mesma carga tributária: 17%. 

A proposta altera a lei que regulamenta a cobrança do ICMS no Estado. Ou seja, a redução incidirá nas operações de saídas internas de biogás e biometano. Bem como a ações realizadas pelos estabelecimentos industriais produtores, destinadas à distribuidora de gás canalizado, desde que ambos estejam estabelecidos no Estado. Porém, a redução não atinge o biocombustível mais comum, abundante e com produção no Estado: o etanol.

O Espírito Santo deve fechar a safra 2024/2025 com a produção aproximada de 100 milhões de litros de etanol. Os dados são do 4° Levantamento da Safra 2024/25 de Cana-de-Açúcar, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Etanol x arrecadação

A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) informou que a decisão de reduzir a alíquota sempre deve levar em conta a arrecadação estadual. 

“Estudos realizados pela Sefaz mostram que, no caso do biogás e biometano, a renúncia de receita com a redução não terá grande impacto sobre as contas. Do mesmo modo, poderá significar um importante incentivo para a adoção de fontes de energia renováveis”. 

A secretaria informou que não teria como calcular qual seria o impacto da renúncia fiscal sobre o etanol, neste momento. No caso do biometano e do biogás, a estimativa de renúncia fiscal com a queda da alíquota é de R$ 87 mil para 2025. Os valores ficam em R$ 92 mil para 2026 e R$ 98 mil para 2027.

Porém, mesmo sem um número sobre a renúncia fiscal, é possível ter uma ideia da arrecadação de ICMS com etanol no Estado. No ano ado foram mais de R$ 108 milhões com impostos sobre o combustível da cana. O número é quase três vezes superior ao arrecadado em 2023 (R$ 38,7 milhões).

A Sefaz enfatizou ainda que a redução do ICMS sobre o biogás e o biometano “faz parte de um pacote de ações mais amplo no caminho da transição energética, um processo crucial para a redução do impacto ambiental da produção de energia e para a mitigação das mudanças climáticas, que inclui iniciativas como as recentes reduções das alíquotas de ICMS do gás natural e do Gás Natural Veicular (GNV)”.

Burocracia contra o etanol

Segundo o governo do Estado, reduzir a alíquota do etanol é mais complicado do que no caso do biogás e do biometano. Isso porque o Conselho Nacional de Políticas Fazendárias (Confaz) teria que aprovar a redução.

“No caso do etanol, a proposta enfrentaria grande resistência para aprovação, pois a prática de uma alíquota mais baixa do que a média levaria à concorrência desleal entre os Estados, já que se trata de um produto que tem uma participação relevante nas arrecadações tributárias estaduais”. Secretaria de Estado da Fazenda.

É bom lembrar que São Paulo, o maior produtor de etanol do país (13,5 bilhões de litros na safra 2024/2025), tem histórico de subsidiar a produção e cobra 12% de ICMS. Entre 2022 e 2023, o imposto era de 9,57%.  No Espírito Santo a alíquota atual é de 17%.

Biometano e biogás

Biogás e o biometano são fontes renováveis de energia que podem ter uso na produção de energia elétrica ou térmica. O biogás se forma a partir da decomposição de matéria orgânica, como resíduos agrícolas, restos de alimentos e esgoto. Já o biometano resulta do processo de purificação do biogás. Ambos contribuem para a redução de emissões de carbono na atmosfera.

Edu Kopernick

Editor de Economia

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve agens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve agens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.